terça-feira, 14 de maio de 2013

Maria da Solidade Sousa França - Mãe Dada de Oxalá - Tàlàbí Deiyn - Uma Vida Dedicada ao Sagrado.



Maria da Solidade Sousa França* - Mãe Dada de Orixalá, aquela que nasceu do Branco, toda empelicada, como dizia sua mãe carnal, minha Avó, Severina Amélia de Sousa (Dona Biu). Recebera desde o Ìgbádú Ìyà, o ventre da mãe, o Àse ancestral do seu Elédá, Àse Funfun, aquela que desde o àbí, o seu nascimento, carregou consigo a força do Aláàbáláàse, seu grande pai Òsàlúfón, a quem ela dedicou com tamanha força e vontade boa parte de seus momentos felizes no Àiyé. Para a vida com o sagrado, recebera quando Ìyàwó o nome iniciático Tàlàbí deiyn (aquela que nasceu do branco chegou para louvar), mais tarde tomara o posto de Egbomi e posteriormente de Ìyàlasé e Ìyàlorìsà fundadora do seu próprio Terreiro, o Ilé Àse Òrìsànlá Tàlàbí (Casa de força do Grande Orixá que Nasce do Alá). Fora iniciada também no Culto à Jurema Sagrada, por herança espiritual de sua avó, onde tomou posto de Mestra Juremeira, chefe do culto na liturgia da Jurema Sagrada do Mestre João e da Mestra Maria Amélia – Jurema do Rei Salomão. No dia 04 de maio do ano de 2013, nosso Terreiro, nosso bairro, nossa cidade, Pernambuco, o Brasil e o Mundo perderam uma Mãe e uma grande mulher. O seu Emí, sopro vital da vida, insuflado por Olódùmarè no seu Ará, fora de volta para o Òrun. Minha Mãe, minha grande mãe, a dor se tornará força, sua beleza e Fé nos faz respeitar o ciclo vital, seu pacto para com Onilé fora cumprido, e isto nos fortalece. Serás sempre a nossa grande Ìyà, hoje integrante do corpo dos Èsá cultuados na liturgia Nagô do nosso Terreiro, a Ìyàagbálagbá do nosso Ilé Ibó Iku, igbalé, representante de toda a força feminina das Ìyà Mi, nossas grandes Mães. Ìyà Tàlàbí deiyn n’ilé Àse Tàlàbí transmitiu a nós a expressão da vida, revelando sua natureza através do significado de seu próprio nome. Serás sempre vista como uma grande rainha soberana na condução do Àse plantado outrora por tuas mãos no Àse Tàlàbí. Que Olórun a recebe com todas as forças dos nossos Ancestrais. Enquanto vida Olórun me conceder, viverei em prol do fortalecimento e transmissão do seu Àse, do desenvolvimento de nossa comunidade religiosa e da preservação de sua memória ancestre.
Ìyà mi Àsèsè!
Baba mi Àsèsè!
Olórun un mi Àsèsè o o!
Ki ntoo bò Òrìsà à è.
Gbogbo Àsèsè tinu ara.

Mo Dùpè Ìyà mi Tàlàbí deiyn!
Olórun Kosipurê o!
Aguinaldo Barbosa de França Júnior


* Maria da Solidade Sousa França (Mãe Dada de Orixalá) – Tàlàbí deiyn faleceu na cidade do Paulista no último dia 04 de maio de 2013, fora sepultada, no jazigo da Associação Beneficente, Cultural e Religiosa Ilê Axé Oxalá Talabi no Cemitério Morada da Paz, ao nascer do sol do dia seguinte, já que Òsàlá passa a reger o dia a partir do nascimento do Sol. Deixou três filhos carnais: Luciany Barbosa de Sousa – Lú de Iyemojá Ògúnté, Yakekerê do Terreiro; Aguinaldo Barbosa de França Júnior – Júnior de Odé, Membro do Conselho Religioso da Associação Beneficente, Cultural e Religiosa Ilê Axé Orixalá Talabi e Gestor dos Projetos do Terreiro e Hetony Faynner de Sousa França – Hetony de Sàngó, Oganilú meleyancó Nagô do Terreiro Àse Tàlàbí. Netos, Luan Carlos Souza da Silva - Omo Sàngó e Ayran Carlos Souza da Silva – Omo Òsàgiyán, ambos iniciados no culto aos Orixás pelas mãos da avó, deixou ainda diversos filhos de santo espalhados pelo Brasil e no exterior. Mãe Dada recebera em 2008 o título de Mestra da Tradição Oral do Ministério da Cultura através da Ação Griô Nacional. O ritual de passagem (Àsèsè) fora realizado aos sete dias posteriores de sua morte (dia 11 de maio), ao comando do Sr. Paulo Braz Felipe da Costa (Tio Paulo Braz) – Ifátòógún, a Ata referente ao ritual está acostada ao livro da Associação Beneficente, Cultural e Religiosa Ilê Axé Orixalá Talabi.

OBS: TODOS OS DIREITOS RESERVADOS, as fotografias, vídeos e textos, assim como todos os conteúdos publicados neste site são de uso EXCLUSIVO do ILÊ AXÉ OXALÁ TALABI, ficando assim PROIBIDO as suas reproduções sem prévia autorização por escrito. Caso contrário, serão tomados procedimentos jurídicos recorrentes a aplicação na forma da Lei.


9 comentários:

David Bassous - Instituto Gingas disse...


Mãe Dada possuía o poder e de mudar as pessoas para melhor; o poder de nos orientar a descobrir o melhor de nós mesmos. Esse poder tem um fonte: a do amor incondicional a outro ser humano. Não tenho palavras pra falar de "Mainha" o suficiente, mas me sinto honrado em ter conhecido esta grande mulher que mudou a minha vida pra muito melhor. Obrigado minha eterna mãe!
David (seu ogã).


Ricard Franch disse...

Uma pessoa que, longe ou perto, eu nunca vou esquecer. Muito obrigado por tudo, Mãe Dada.

Um grande abraço para toda sua família.

EDUCAÇÃO GRIÔ disse...

A bençãos meus mais velhos e a minha eterna mãe... A voz da mãe é o que guia nosso ori, o poder de sua palavra é que nos cuida, nos orienta, nos consola... Nossa querida mãe sempre viverá como a voz que nos guia, nos fortalece, nos edifica..
A voz da nossa mãe será sempre ouvida porque o que nos importa não é como se morre, mas como se vive... e Ela viverá para sempre em nossos corações e na nossa memória, através de sua voz sábia, de profundo amor e respeito, não só aos seus filhos, mas fundamentalmente pelos orixás, pelas entidades da Jurema e pela natureza... Tenho a grande honra e felicidade de ter sido tombada nas sete cidades da Jurema Sagrada do Rei Salomão pelas mãos da minha eterna mãe... Tenho a honra de ter sido inciada no culto aos Orixás como Iawo de Oyá neste Ilê de profundo asé... Nossa mãe sempre viverá, a cada vez que um ritual de Jurema começar, que meu mestre Sr. Manoel Quebra Pedra vier trabalhar, a cada vez que Oyá trouxer seus ventos e sua sabedoria na minha vida, A cada vez que Oxalá nos unir e nos ensinar o valor do perdão e do amor verdadeiro.. Nossa mãe viverá eternamente na voz que nos ensina a sabedoria, a humildade, o perdão e o amor... Sua voz continuará a nos ensinar a caminhar! Gratidão eterna da sua filha Juremeira, Sua aprendiz griô, sua admiradora, uma parte da continuidade do seu asé na jurema ou no nagô... Estaremos sempre unidas pelo amor com que a senhora fez nascer e brilhar em mim o amor e o respeito à espiritualidade!

Lu Abreu disse...

Mulher, caridosa, amiga, companheira de todos acima de tudo mulher de muita fé! Que mesmo nos momentos mais dificéis não perdeu a força e a fé...Agradeço a todos os Orisás e a Jurema sagrada por ter tido a oportunidade de conheçer e participar um pouco da vida dessa grande mulher, que com orgulho posso chamar de mãe e nada nem ninguém irá abalar esse sentimento tão bonito que eu tenho, pois tenho absoluta certeza que ela foi muito mais do que uma mãe para todos os seus filhos tanto carnais quanto espirituais...E será lembrada sempre sorrindo, brincando e contando suas adoráveis histórias. Eternamente em nossos corações Mãe Dada de Orisalá Talábi Deiyn minha mainha amada e agora seguindo os caminhos que por ela foram traçados com muita sabedoria e carinho. Ludmila Molina

Lu Abreu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fábio Gomes - Oganagô Creative disse...

Agô Mojubá,

Ao povo do terreiro Ilê Axé Oxalá Talabi,

venho por meio desta prestar meus profundos sentimentos e homenagem a essa grande mãe e liderança do axé.


Desejo a todos força, paz e união para que possam juntos pensarem formas de solidariedade e que o axé se expanda como sempre qusz nossa iyá.

lesó lesó igbin mago gbino ... igbin ko loó, igbin ko lesé.

"devagar, devagar o caracol sobe a árvore, o caracol sobe sem mãos e sem pés... sabedoria!

ogan Fábio Negão - Afoxé Oyá Alaxé

Luiz de Aziri disse...

Olorun modupè! Olorun, adidè!
N'Ifè Olorun bakun fun è!

Tua letra, filho de Odé, tomou-se-me de assalto! Já há alguns dias havia enviado um correio electrónico à extinta Mãe Dadá... Perguntava acerca duma possível visita que faria ao Recife e, por extensão, solicitava alcançar o Ilê de Oxalá Talabi, em Paulista. Estranhava o silêncio, haja vista, Dadá de Oxalá sempre respondia aos meus correios electrónicos, mesmo com certa morosidade.
Nosso último diálogo, por telefone, deu-se por ocasião do evento de maculação do roncó, onde se havia recolhido uma criança... Prestei, de pronto, minha solidariedade ao Ilê e àquela saudosa e inestimável Sacerdotisa do mais Fun-Fun de todos os Orixás. Tal facto, àquela época, havia mexido com a saúde física de Mãe Dadá, conduzida à UPA.
Hoje, ao abrir minha caixa de mensagens observei o título "Mensagem!!!" e pensei se tratar da resposta àquela outrora solicitação. Mas, para minha tristeza, informava do trânsito, da passagem de uma Mulher ímpar, Dadá de Oxalá. Dadá viajou.... Dadá vestiu e revestiu-se do mais Brancos dos brancos e foi ver o Branco dos brancos entre os mais brancos... Sua bênção, minha Mãe! Sua bênção!

Luiz de Aziri da Nação d'Gégè Mahii Cejà Undè

Martha Jardim Gomes disse...

Conheci mãe Dáda em 2006, tive a felicidade de estar com ela muitas vezes, de conviver e me tornar próxima de sua família. O carinho, a paciência, a sabedoria, a humildade e a determinação foram os traços que mais me impressionaram nela. Aprendi muito, e continuo aprendendo... Seus ensinamentos serão perpetuados por seus filhos, sua presença será sentida em todos os momentos, como uma luz a nos guiar.

Bênção, mãe Dáda...

Unknown disse...

Minha Mãe, mainha sua benção!!!
Obrigado por tudo que a senhora fez por mim e por todos nós.
Nos te amamos muito, com todo o Axé dos Orixás e de Oxalá.
O seu Terreiro sempre sera de força, muita paz e sabedoria. Um Beijo, Hetony Faynner, seu filho.